Descrição
Diálogo em Setembro
«Ocorrem-nos estas […] considerações após a leitura do muito excelente e surpreendente livro que é Diálogo em Setembro. A brilhante crónica que ele é pode considerar-se como um espécie de visita póstuma a esse palácio de Grande Cultura […] por que tantos anos, em vão, todos ansiámos. »O que surpreende em Diálogo em Setembro é a extensão e perfeito domínio de uma técnica, mas tudo isto é afinal bem exterior à «aventura» que na obra tem lugar e, sobretudo, àquela que a obra mesma representa. »[…] Uma psicanálise de Portugal e do comportamento português, que confere a esta obra raro e inegável interesse. […] Fernando Namora oferece-nos um espelho incomum para nos vermos. Debrucemo-nos nele.» Eduardo Lourenço
Biografia
Fernando Namora GO SE • GCIH • GCL (Condeixa-a-Nova, Condeixa-a-Nova, 15 de abril de 1919 – Lisboa, 31 de janeiro de 1989) foi um médico e escritor português, autor de uma extensa obra, das mais divulgadas e traduzidas nas décadas de 1970 e 1980. Existe uma escola secundária com o seu nome em Condeixa-a-Nova.
Licenciado em Medicina (1942) pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, pertenceu à geração de 40, grupo literário que reuniu personalidades marcantes como Carlos de Oliveira, Mário Dionísio, Joaquim Namorado ou João José Cochofel, moldando-o, certamente, como homem, à semelhança do exercício da profissão médica, primeiro na sua terra natal depois nas regiões da Beira Baixa e Alentejo, em locais como Tinalhas, Monsanto e Pavia, até que, em 1951, acabaria por se instalar em Lisboa – onde, curiosamente, muito jovem tinha estudado no Liceu Camões -, como médico-assistente do Instituto Português de Oncologia.
O seu volume de estreia foi Relevos (1937), livro de poesia, porventura sob a influência de Afonso Duarte e do grupo da Presença. Mas já publicara em conjunto com Carlos de Oliveira e Artur Varela, um pequeno livro de contos Cabeças de Barro. Em (1938) surge o seu primeiro romance As Sete Partidas do Mundo que viria a ser galardoado com o Prémio Almeida Garrett no mesmo ano em que recebe o Prémio Mestre António Augusto Gonçalves, de artes plásticas – na categoria de pintura. Ainda estudante e com outros companheiros de geração funda a revista Altitude e envolve-se ativamente no projeto do Novo Cancioneiro (1941), coleção poética de 10 volumes que se inicia com o seu livro-poema Terra, assinalando o advento do neo-realismo, tendo esta iniciativa coletiva, nascida nas tertúlias de Coimbra, de João José Cochofel, demarcado esse ponto de viragem na literatura portuguesa. Na mesma linha estética, embora em ficção, é lançada a coleção dos Novos Prosadores (1943), pela Coimbra Editora, reunindo os romances Fogo na Noite Escura de Namora, Casa na Duna de Carlos de Oliveira, Onde Tudo Foi Morrendo de Vergílio Ferreira, Nevoeiro de Mário Braga ou O Dia Cinzento de Mário Dionísio, entre outros.