Descrição
Anais de D. João III
Anais de D. João III – Fr. Luís de Sousa – «Com prefácio e notas do prof. M. Rodrigues Lapa» – Livraria Sá da Costa – Lisboa – 1938. Exemplares autenticados com a rubrica dos Editores.
Obra contendo importantes informações sobre a partilha dos mares do Moluco, ou ilhas Molucas e ilhas Filipinas, entre Portugal e a Espanha. O autor é considerado o maior cronista português do seu tempo, foi amigo de Miguel de Cervantes com quem partilhou o cativeiro em África.
Inocêncio V, 327: “Frei Luís de Sousa (1.º), chamado no seculo Manuel de Sousa Coutinho, quarto filho de Lopo de Sousa Coutinho, de quem já se fez memoria a pag. 192 do presente volume. N. em Santarem, no anno de 1555, segundo a opinião de alguns dos seus biographos. Consta que depois de concluidos os primeiros estudos, determinára seguir a profissão das armas, ou se alistára, como alguns dizem, na ordem militar de Malta, e a bordo de uma galera da mesma ordem foi captivo pelos mouros, e conduzido para Argel, pelos annos de 1575–1576. N”esta cidade adquiriu conhecimento e tracto de amisade com Miguel de Cervantes, que para ahi fôra levado na mesma condição pouco tempo antes. Resgatado, ao que parece no anno de 1577 (o mesmo em que faleceu seu pae), regressou a Portugal por via de Hespanha, na opinião mais provavel pelos annos de 1579. Casou entre os de 1584 e 1586 com D. Magdalena de Vilhena, tida por viuva de D. João de Portugal, que passava por morto na jornada de Africa; e continuou residindo, ora em Lisboa, ora na villa de Almada. Sabe-se que estava em Madrid no anno de 1600, e crê-se que então emprehendêra uma viagem ás Indias Occidentaes, d”onde voltára á patria em 1604, ou no anno seguinte. Viveu ainda alguns annos com sua familia, até que em 1613 elle e sua mulher tomaram o acordo de separarem-se, recolhendo-se uma ao convento do Sacramento de Lisboa, e entrando o outro no de S. Domingos de Bemfica. Ahi passado o anno do noviciado professou a 8 de Septembro de 1614, mudando então o nome no de Fr. Luis de Sousa. O motivo d”esta separação é ainda duvidoso para muitos, que tomam á conta de romance o que relata Fr. Antonio da Encarnação no prologo da segunda parte da Historia de S. Domingos; outros porém o admittem como veridico e plausivel. Seja como for, viveu Fr. Luis de Sousa no convento de Bemfica dezenove annos, durante os quaes não quiz acceitar na ordem cargo algum se não o de Chronista, a que o obrigou a obediencia. M. no mez de Maio de 1632. Quanto ao dia, é ponto controverso entre os biographos, como o são tantas outras circumstancias da sua vida: pretendendo uns que elle falecesse a 5, outros que a 11. O sr. A. Herculano, por inducções que parecem bem fundadas, julga que elle contava a data do falccimento de 73 a 75 annos; porém n”esse caso deveria ser nascido entre 1557 e 1559. – Para mais exacto e minucioso conhecimento do que lhe diz respeito, consulte-se a Memoria historica e critica ácerca de Fr. Luis de Sousa etc. pelo bispo de Viseu D. F. A. Lobo, que anda no tomo II das Obras d”este prelado, de pag. 61 a 171, e fôra anteriormente inserta nas Memorias da Academia Real das Sciencias. Vej. tambem os auctores ahi apontados; e além d”estes José Caetano de Mesquita na noticia que poz á frente da sua edição da Vida do Suso; e o sr. Herculano, em outra noticia, anteposta aos Annaes de D. João III por elle publicados em 1844, onde se rectificam algumas especies em que claudicára o bispo de Viseu na sua Memoria, aliás interessantissima a todos os respeitos, e cuja lição se recommenda aos estudiosos como de instructiva utilidade”.